sábado, 23 de abril de 2011

Salve Jorge!

Post com enorme possibilidades de muitos erros e confusões, quem perceber algum, daá um grito! :)

Uma das coisas que mais me interessam e fascinam são as religiões. Não gosto delas como instituições, mas ninguém pode negar a riqueza cultural que todas elas trazem, principalmente aqui no Brasil. Ao encarar as religiões como cultura popular, temos na nossa frente, um leque infinito de possibilidades. Os cantos, as imagens, as lendas (crenças), histórias que não caberiam numa vida.

Lavagem da Catedral de Campinas
No Brasil, país da diversidade, tudo se torna ainda mais interessante, principalmente quando olhamos para a fusão do cristianismo com as religiões de origem africanas, como o candomblé e a umbanda. Hoje, 23 de abril, houve a lavagem das escadarias da Catedral Metropolitana da Campinas. Lavagem da igreja por pessoas do candomblé. Conseguem enxergar a beleza disso num mundo em milhões se matam por causa de deus? Uma das coisas que estou devendo a mim mesmo, é conhecer melhor essas de origem afro, ir a algum terreiro, ver de perto os ritos, e celebrações. Já me recomendaram fortemente a não fazê-lo por ser forte demais, mas acho que a curiosidade será maior.



Hoje é dia de São Jorge, para os católicos, identificado como Oxossi no candomblé ou ainda com Ogum na umbanda. Abaixo duas músicas que ilustram bem essa maravilhosa mistura que temos entre as mais diversas religiões. O Primeiro vídeo é uma música de Jorge Bem, interpretada pelo Caetano, e a segunda interpretada pelo Zeca Pagodinho, na qual ele diz:

"Sim vou à igreja festejar meu protetor
E agradecer por eu ser mais um vencedor
Nas lutas nas batalhas
Sim vou ao terreiro pra bater o meu tambor"


Jorge da Capadócia:                                            

 





        Ogum:

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Transeunte.

De salto, como o de costume, comiam-na com os olhos por onde passava, na fronteira entre a vulgaridade e o mistério. Guardava consigo a sensualidade das deusas, a leveza de uma Vênus, mas que com o balançar dos braços escrevia poesia no ar, vai-vem, vai-vem, vai-vem... Os olhos de jaboticaba envolviam a mente dissolvendo a neblina que estava ali a pouco, seu cheiro embriagava, invadia as narinas como um batalhão impossível de ser freado, tomando todos os espaços, sem cerimônias. Andava firme, em minha direção, como se a cada passo, aquele salto precisasse esmagar algo em que pisava. Poderia dizer, tranquilamente, que seus cabelos pertenceram à Iracema em vidas passadas, tinha a cor dos olhos e laço nenhum poderia prendê-lo. Laço nenhum poderia prendê-la. Numa rápida, congelante e eterna troca de olhares, passou por mim e se foi como a última volta do redemuinho sumindo da pia até então cheia de esperanças. Que bom, vê-la todos os dias poderia ser perigoso demais.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Dimensões!

 Bom, faz tempo que não falo de Matemática por aqui, então lá vai!

 

Um dos assuntos mais intrigantes relacionados à matemática é, sem dúvida, o estudo das n dimensões de um espaço.

Mas o que significa uma dimensão? Existe a quarta dimensão? Somos realmente seres que vivem num espaço tridimensional?





A matemática possui uma área que dedica parte de seus esforços exatamente aos estudos dessa questão: a topologia.

Um projeto francês realizou um filme que trata as dimensões de um jeito bem matemático visando popularizar um pouco as teorias matemáticas sobre o estudo dessas dimensões.



Nos primeiros capítulos, encontramos um pouco de duas dimensões, passando pela cartografia e por artistas famosos. No decorrer do filme, vamos passeando pelas outras dimensões, até chegarmos, finalmente à quarta!



Essa é a "sombra" de um "sólido" de 4 dimensões!



Você sabia, por exemplo, que existem objetos de dimensão 1,5? Isso mesmo! Nem 1, nem 2, 1,5!

Essas e outras bizarrices podem ser entendidas nessa viagem de duas horas, que você pode encontrar gratuitamente e sem cometer crime algum aqui (via torrent), aqui (online), aqui (com o link direto) ou ainda aqui (comprando o DVD)!

Ah, e não se esqueçam da legenda!

Outra indicação sobre o assunto é a divertida animação "FlatLand". Abaixo, o Trailler:



Se alguém souber onde baixar, aceito a indicação :) Pra quem quiser comprar: http://www.flatlandthemovie.com/

Beijos!

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Construindo José

"Construção" e "E agora, José?" sempre foram duas coisas que me encantaram demais! Primeiro o poema do Drummond. Um amigo do meu pai (José), deu um quadro com esse poema para ele. Ficava lá, pregado no corredor da casa. Sempre lia, e cada vez que lia, um pouco mais velho, ia entendendo a beleza daquelas palavras.



Já construção é daquelas coisas q a gente não presta muita atenção no começo. Descobri ela de verdade quando estava lendo sobre músicas com proparoxítonas e vi aquela coisa cheia de "métrica, rima e muita dor".

Indo ao post logo, resolvi juntar as duas coisas, verso a verso. Isso deve ter algum nome complicado que o professor Pasquale deve saber:

Construindo José

Como se fosse a última festa
Beijou sua mulher no apagar das luzes
Como se fosse único no meio do povo
A espinha esfriava a cada passo tímido.

José erguia-se em construção
Como você entre paredes sólidas
Um mágico sem nome
Zombando a cada lágrima
fazendo versos como se fosse sábado
Protestando pelo arroz com feijão.

José bebeu, dançou, gargalhou
Sem mulher, bêbado, no céu...
Papagueou um discurso,
um carinho flácido...
Agonizou sem beber
Fumou o tráfego
Cuspiu o último amor.

O beijo era como o dia que não veio
O bonde passou, como a perda do filho
Rir era como atravessar a rua bêbado
Utopia, como beber algo sólido
Acabaram-se as paredes mágicas...
Fugindo sempre do lógico
Cimento mofado, embotado,
José era príncipe!

GRITA!
Geme, chora, dorme, cansa,
Morre...




   

terça-feira, 5 de abril de 2011

Três definições para o amor

Bom, o que mais existe no mundo são músicas, filmes, poemas e tudo o mais sobre amor. Abaixo estão minhas três definições preferidas, uma de cada uma dessas "mídias", com honrarias para a última. E você, qual a sua?



Por Cordel:


Por Camões:

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence o vencedor,
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade;
Se tão contrário a si é o mesmo amor?

E a minha preferida, por minduim:

segunda-feira, 4 de abril de 2011

A solução é fumar os carros!

Quatro coisas inspiram o post de hoje: um poema, uma reportagem, uma música e um documentário.

O poema

Cota zero

Stop.
A vida parou
ou foi o automóvel?

Carlos Drummond de Andrade


A reportagem

Por trânsito e poluição, China faz sorteio para comprar carro ( http://twixar.com/ftsB3 )


A música




O post

A relação sobre a qual falarei aqui surgiu pela primeira vez quando estava num ônibus voltando do trabalho e levei nada menos do que 30 minutos para percorrer 3 quarteirões (Leia de novo o poema acima agora). Comecei a imaginar opções para resolver o problema, mas nada decente vinha à minha cabeça. Pedágio dentro das metrópoles? Não adianta e é extremamente elitista. Multa para quem andar sozinho no carro pode ser uma boa, mas impossível aplicar e ainda elitista, a lei muito provavelmente não pegaria. Seria preciso um enorme processo de conscientização para que as pessoas passem a usar menos os carros. Nessa mesma hora olhei para uma mulher fumando do lado de fora de um bar e a relação se tornou óbvia.


A primeira coisa que precisa ser dita é que Freud é um cara foda e seu sobrinho Edward Bernays ganhou muito dinheiro com isso. Bernays foi um dos criadores do marketing moderno e ele se utilizou da seguinte premissa levantada pelo seu tio: é tudo sobre sexo. Foi ele quem introduziu o sexo nas propagandas e com isso a revolucionou, desde as pin-ups (ahhh, as pin-ups) até o cigarro como símbolo de sexualidade. E é aí que entra a relação entre os 30 minutos para atravessar 3 quarteirões e a mulher fumando. O carro é o novo cigarro. Carros são diretamente ligados à sensualidade, basta dar uma olhada em umas propagandas. "Ah, são propagandas idiotas" Sim, tão idiotas quanto os galãs e as musas de Holywood fumando após o sexo nos filmes que ajudaram a alavancar as vendas do cigarro.

É muito interessante ver a inversão de valores que tivemos com o cigarro no passar dos anos. Há 4 décadas, era a coisa mais glamurosa do mundo, apresentadores de tv fumando ao vivo, artistas, grandes ícones do pop mundial. Hoje esse status todo ainda aparece só nos adolescentes querendo mostrar que são fodas e acham que fumar é uma ótima maneira de fazer isso. As estrelas evitam ao máximo fumar em público, as leis limitando o fumo são cada vez mais severas, as campanhas anti-tabagismo chegam a ser constragedoras. Fumar virou vergonhoso na maioria dos ambientes. Tenho toda a certeza que a longo prazo, o número de fumantes diminuirá drasticamente depois de tudo isso.

E no cigarro temos a lição de como começar a resolver grande problema das grandes cidades do mundo: o trânsito e a poluição causada por ele (a reportagem acima mostra o desespero da China quanto a isso). Já existem algumas campanhas tímidas para que as pessoas evitem o uso do carro, mas a força da indústria automobilística é enorme. Já temos algumas leis que limitam o uso do automóvel, como o rodízio em São Paulo, por exemplo. Mas, para mim, a questão só começará a ser resolvida quando começarem a pegar pesado, assim como nas campanhas anti-tabagismo. Usar o carro para ir trabalhar a alguns quilômetros de casa ou para ir até a padaria deve ser tão constragedor quanto acender um cigarro numa roda de não-fumantes. O raciocínio é simples: As campanhas para o consumo de carro e cigarro se baseiam praticamente nas mesmas coisas: sexo e poder. Apenas campanhas parecidas serão capazes de acabar com esses dois problemas.

Ah, só pra deixar claro: se eu tivesse dinheiro a primeira coisa que faria é comprar um carro. E obviamente iria até a padaria ou trabalhar a alguns quilômetros daqui com ele.



O documentário