domingo, 26 de junho de 2011

Poligamia

                       Quanto mais penso nesse tema, mais me impressiona a capacidade que temos de nos torturarmos com certos costumes ou regras construídas por nós mesmos em contextos históricos e culturais que não fazer qualquer sentido nos dias de hoje.

 

                      Estava no bar da minha mãe, e ali estava um homem, bebendo sua pinga e lamentando a traição que acabara de descobrir. Mas ali, naquela mesa de bar, eu já cansei de escutar centenas de casos de traição. E não só ali, em qualquer lugar para o qual cada um de nós vamos, existem casos de traições, desde um sexo casual, gerado por alguma situação incontrolável, até romances arriscados e duradouros.

                     Tenho convicção de que qualquer integrante de um casal que já passou pelo estágio da paixão, sente desejo sexual por outras pessoas, e esse desejo é algo extremamente aceitável na nossa sociedade, mas realizá-lo, é abominável. Os casais privam-se a todo momento de realizações que lhes dariam prazer por uma simples questão de posse. O contrato social do namoro, ou do casamento, pressupõe fidelidade em todas as suas formas de existir e tal fidelidade se confunde com esse sentimento de posse e de poder que é apenas um reflexo dos valores que carregamos na sociedade do consumo, ter propriedade sobre as escolhas de outra pessoa, apesar de soar absurdo, é algo extremamente natural para nós.

                    É natural que se procure um parceiro para dividir os problemas criar os filhos, viver o companheirismo da velhice, ter alguém para assistir aquele filminho nesse domingo chuvoso – de fato, hoje não seria má ideia - , mas isso não precisa implicar na privação sexual de qualquer uma das duas pessoas. Qual o problema se seu companheiro saiu com os amigos numa noite e a terminou trocando fluidos com alguém que não fosse você? O carinho por você é o mesmo, a confiança é a mesma, mas nosso sentimento de posse não nos permite pensar isso, afinal, ele é seu companheiro, não dos outros.

                   Não podemos confundir o sexo, algo natural de quase todos os seres vivos, com algo que foi socialmente construído por nós, como o namoro ou o casamento, coisas que não são de nossa natureza. A poligamia é também, evolutivamente, mais recomendável, e não falo da diminuição das mortes causadas por dores de corno, mas sim da eterna busca evolutiva pela variabilidade genética já que ao ter filhos com mais de uma pessoa, mais chances seus genes terão de se perpetuar. Não estou dizendo para que tenhamos filhos com qualquer um que quisermos transar, apenas dizendo que a necessidade de mais de um parceiro sexual é evolutivamente plausível.


                   A monogamia é uma das maiores torturas a que nos sujeitamos e, não, não estou dizendo que quando encontrar alguém que queira namorar, ficarei confortável, ou aceitarei, que essa pessoa faça sexo com outros, assim como qualquer outro que está imerso nas regras do jogo, mas isso claramente não me proíbe de questionar essas próprias regras.

                  Ah, e nenhum desses argumentos são capazes de justificar qualquer traição em um namoro ou casamento. Se você se sujeitou a alguma dessas relações, aceitou as regras impostas por ela e nada mais ético do que seguir as regras pré-acordadas.


 "Só vim aqui te avisar:
Não sou somente tua
Nem sob sol nem sob lua

Só vim aqui te lembrar:
Fração minha cochila no meio da rua
Te aguarda, sob lençol de nuvens, toda nua."

Poligamia, de Helena Zelic.

sábado, 4 de junho de 2011

Som Brasil I

Som Brasil é um programa apresentado na Globo com certa periodicidade em suas madrugadas. Existe desde 1981, com duas pausas de alguns anos nesses períodos. A última retomada do programa foi feita em 2007, num modelo totalmente reformulado que traz cantores desconhecidos do grande público cantando clássicos de compositores que fizeram história.



Tenho como um dos grandes passatempos na internet, ficar vendo vídeos musicais descobrindo novas caras e novas músicas, brasileiras em sua grande maioria. E uma ótima maneira de fazer isso, é passeando pelos inúmeros vídeos do Som Brasil pelo youtube, ou ainda pelo próprio site do programa que disponibiliza vários desses em ótima qualidade.

Nesse programa, descobri muitos cantores novos e músicas antigas, os arranjos das músicas são ótimos e a produção artística do programa impressiona. Com isso resolvi abrir a primeira série do blog! Cada post com um artista novo, interpretando músicas de compositores consagrados e também com uma música do trabalho solo desse cantor, e para começar:

Ana Canãs:


Bom, pra abrir a série, a minha preferida, Ana Cañas. Ela se apresentou no "Som Brasil Cazuza" em 27 de junho de 2008, cantando "O nosso amor a gente inventa", "Codinome Beija-Flor" e "Carente Profissional". Com uma voz aveludada, uma pegada rock'n'roll e uma puta alma nas músicas, me viciei por uma época. Com dois CDs lançados até aqui, um deles autoral, acabou virando um dos meus nomes preferidos da nova MPB.

Ana Cañas interpretando "Carente Profissional":




"Mandinga Não" do seu primeiro CD:




Ah se ela soubesse a chance que tem comigo...