segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Para ninguém.

As mãos pequenas passeavam pelo teclado sentindo saudades de como ele as apertava, as fechava. Não passavam como sempre, demoravam, às vezes mais apagavam que escreviam.

Finalmente colocara ali todo o não dito, a cada palavra mais vulnerável, dizia como gostara daquele dia, mesmo que nunca o tivesse dito e se desculpava pelo outro, mesmo que já perdoada.

Escrevia. Se pudesse lhe falar sem os olhos, falaria, mas não, os olhos entregam demais, a janela da alma, dizem. Palavras escritas são pensadas, apagadas, reescritas, melhor assim. Dizia finalmente o que já ensaiara tantas vezes em frente ao espelho. Incrível como a leveza e o medo poderiam andar juntos no desabafo.

O título era daquelas frases baratas que adoravam trocar, frases que nunca se remetem diretamente ao assunto, com aquela pontinha de intelectualidade, mas só uma pontinha. Ponto, final.

Mais um rascunho salvo com aquele desejo bobo de que ele, de alguma forma mágica, o lesse.