domingo, 8 de abril de 2012

Linda, inatingível, distante...

                        Ali estava ela, como se fosse apenas um fio, pequenina, linda, inatingível, distante... Era platônico, ele sabia que nunca a atingiria, que nunca seria capaz de fazer com que aquela beleza toda se entregasse aos seus braços, e aquilo ia crescendo, crescendo, dia após dia, sem controle, sem ter o que parasse.

                         Estava finalmente completa, e linda iluminava a escuridão que tomara conta dele como há muito não se via e ainda assim estava linda, inatingível, distante... Ele podia ver coisas em seu seio, por vezes um coelho traiçoeiro e vadio, por outras um cavaleiro pronto para empunhar sua espada no coração daqueles que ousam se aproximar de tamanha beleza.

                        Se mostrava toda sensual, provocante, vadia iluminava a todos. Era demais para ser apenas dele, seu brilho precisava de mais espectadores, homem nenhum seria capaz de merecê-lo sozinho; e ele estava ali, admirando-a, quando começara a sumir, a escorrer por entre os seus dedos dia após dia, como se estivesse se guardando, se protegendo da ânsia de todos aqueles que ela mesma provocara enquanto estava ali, linda, inatingível,distante, se desdobrando para que todos pudessem olhá-la e admirá-la.

                         Dia após dia, diminuindo, se escondendo covardemente, definhando sob os olhos de todos, até se retirar completamente. A escuridão reinava agora, seus amantes sequer uivavam, sentiam por sua falta num silêncio esperançoso, de que um dia, quem sabe, estaria ali novamente para seduzi-los, para leva-los àquele mundo que apenas ela, a lua, poderia.