segunda-feira, 9 de julho de 2012

Perfume


                           Sete badaladas, no banho, de olhos fechados, passando as mãos escorregadias por todo o corpo, imaginando-as um pouco mais ásperas, como haveria de ser logo mais. Roupa, batom, colar, brincos, perfume, os pulsos, o pescoço, como se trassasse o caminho a ser percorrido pela boca.

                      As horas voavam, assim como as borboletas em seu estômago, a campainha toca, dois beijinhos no rosto, Vamos? Vamos. Veio o garçom, veio a bebida, os beijos também vieram, a mão que havia imaginado estava ali, mas faltava algo, não sabia dizer o que era, mas sabia que era.

                           A volta para casa, mais beijos, a despedida, a entrada no prédio, o porteiro, Boa noite, Boa noite, Desculpe a liberdade, está cheirosa, algo não faltava mais, Quer subir tomar algo? Mãos ainda mais ásperas, boca no caminho, cheiro no pescoço, forte, quente, cheio de calafrios que só a faziam se entregar ainda mais. É que o perfume denuncia o espírito.