2 meses e meio depois, aqui vamos nós de novo, espero atualizar com mais frequência daqui em diante.
Hoje, primeiro de Janeiro de 2011 a República Federativa do Brasil tem uma nova presidenta. Com a quase impossível missão de governar o país após a saída de um presidente-mito, as comparações serão inevitáveis e para ter uma avaliação positiva Dilma terá que fazer um governo muito melhor que o de Lula.
Durante seu discurso de posse no plenário da câmara, Dilma citou a frase que da título a esse post. É a primeira vez que vejo alguém que ocupa um cargo executivo no Brasil falar dos professores com tanta veemência. É claro que, como professor que sou (agora formado ^^) gostei bastante da colocação e espero que nesses 4 anos a educação seja a prioridade número de um governo que tem como principal desafio preparar um povo capaz de sustentar as demandas tecnológicas e intelectuais de um país desenvolvido.
É sempre bom lembrar aqui a figura do ex-senador Cristóvam Buarque que quando candidato à presidência da república nas eleições de 2006 , levantou a bandeira da educação durante toda a campanha, tornando-a prioridade (ao menos nos discursos) de todo político brasileiro.
Um passo importante para a educação brasileira foi a manutenção de Fernando Haddad como ministro da educação. Desde que assumiu o cargo no governo Lula em 2005 vem realizando vários esforços sem estardalhaços para que, a médio e longo prazo, tenhamos uma educação razoável em nosso país. Um exemplo que vejo com muitos bons olhos é a avaliação nacional dos professores que deverá ter sua primeira edição já no ano que vem. É uma pena que o governo federal tenha tão poucos meios de atingir a educação básica com políticas diretas.
Agora, é preciso, o quanto antes, tocarmos na questão central da nossa educação: não podemos continuar com esse modelo de escola e de aulas de um século atrás quando o mundo passou por transformações inimagináveis. Ao que me parece as únicas coisas que não sofreram praticamente nenhuma transformação nas últimas décadas foi a estrutura escolar e as juntas militares (eles ainda usam máquina de escrever lá!). Como queremos uma educação de qualidade se hoje a escola se tornou algo isolado do mundo?
Uma das minhas experiências mais interessantes esse ano foi seguir alunos no twitter, facebook, orkut e etc. Algo que gritou aos meus olhos, foi a ausência de comentários sobre a vida escolar. Como pode uma pessoa passar quase 1/3 de todos os seus dias dentro da escola e não levar o que acontece ali para os meios pelos quais se comunicam? Esse é o principal sintoma que nos mostra o quão falida está essa instituição essencial para a vida da nação.
Não basta apenas investir em educação e torná-la prioridade. Além disso, é preciso pensar numa revolução do modelo escolar. Não me pergunte como fazer isso, mas o começo óbvio é o investimento na formação de professores. Acabo de formar naquele que é considerado o melhor curso de licenciatura em matemática do Brasil e, sinceramente, não chego perto de considerá-lo um bom curso.
O primeiro passo é a mobilização das próprias universidades que tratam suas licenciaturas como cursos secundários em detrimento dos cursos valorizados pelos grandes investidores e pelo capital. Primeiro, ao escolher ser professor devemos escolher ser PROFESSOR e não escolher fazer matemática, história, geografia ou letras. Uma vez tomada a decisão de se tornar professor, o aluno entraria na universidade para um núcleo comum, onde por três anos aprenderia a ser professor. Entre suas matérias, figurariam itens de cultura geral, pedagogia, psicologia, política, língua portuguesa, língua estrangeira, matemática básica e aquilo mais que puder ser julgado conhecimento imprescindível para um professor. Passados esses três anos, o aluno escolhe sobre qual disciplina deseja fazer seus últimos dois anos de graduação.
Com essa formação mais completa e generalista, cada novo professor teria enormes condições de pensar em alternativas para o atual modelo de educação, que atraia o interesse dos jovens e crianças, fugindo desse nosso modelo falido que utiliza o ensino para o vestibular como uma de suas grandes amuletas.
A formação de qualidade é o primeiro passo para essa lenta revolução que deve levar décadas para ocorrer, mas declara-se de extrema urgência. Espero que esse seja um dos grandes eixos da nossa presidenta em sua política educacional.
Beijos!

5 comentários:
Oi Kauan, legal sua posição em defesa a uma melhor formação de professores. você já viu o vídeo da nova campanha de adesão a um curso de licenciatura. eles perguntam para ois paises desenvolvidos qual é a profissão mais importante, e eles respondem que é o professor. eu também concordo. beijo.
Não vi não Carol! Me passa o link?
Também no aguardo do link heheheh
A ideia de formar professores ao invés de matemáticos ou historiadores é simplesmente bárbara, mas existem tantas lacunas na educação brasileira (sobretudo a pública), que fica impossível apontar uma ou duas soluções.
Na rede pública, o cara que tá lá à frente das aulas, é simplesmente um fulano que se formou em uma faculdade beira de estrada e que ta ali por falta de coisa melhor. É aquele cara que se você aprender ou não, ele tá ganhando do mesmo jeito.
É uma questão cultural, claro. Vemos os professores como algozes, tiranos, pobre-coitados, mas muito raramente como mestres.
Claro que existem suas exceções e diversos outros problemas, mas tratar a profissão com o devido respeito e não de maneira tão leviana, já seria um grande começo.
Essa, ideia de formar professores e nao matematico ou quimicos eh genial,nao tenho muito a acrescentar,mas aqui vai todo o meu apoio ao comentario da Gah que diz em tratar tal profissao com o devido respeito e nao de maneira tao leviana.Parabens!
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