segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Nossos ouros e o pré-sal

                    Recentemente a Petrobrás encontrou aquela que é considerada uma das maiores reservas de petróleo recentemente descobertas no mundo. Estou lendo um (famoso) livro chamado “As veias abertas da América Latina” de Eduardo Galeano, que trata da exploração das riquezas humanas e materiais do nosso continente desde a chegada dos espanhóis nessas terras e comecei a me questionar de quanto valerá para o povo brasileiro essa importante descoberta em nosso território. Por ser um post que trata de um assunto que não domino, imprecisões históricas deverão aparecer e correções são bem-vindas.
 
                    Desde a chegada dos portugueses no Brasil, temos sido vítimas de algumas “monoculturas” que, de riqueza, não nos trouxeram nada. No início, a exploração era a do pau-brasil (já que os portugueses não haviam encontrado metais preciosos nessas terras), também conhecido como o ouro vermelho. Era a primeira vez, mesmo que de maneira tímida, que essas terras sentiam o gosto da exploração desenfreada. E que heranças temos dessa exploração? O início do genocídio daqueles povos que aqui viviam antes da chegada dos portugueses e também a abertura das porteiras para o desmatamento. De riqueza para nós, nada.
                    Logo depois do pau-brasil, veio o cultivo do ouro branco, ou ainda, da cana-de-açúcar. O açúcar era uma especiaria valorizadíssima na Europa e para tê-la precisavam ir até as Índias. Encontraram nos férteis solos do nordeste brasileiro e de alguns países da América Central uma fonte que não parava de jorrar dinheiro. Dividiu-se o Brasil em 12 faixas de terras (as capitanias) cada uma com seu senhor e elas passaram a ter toda sua abundância roubada por essa gulosa planta. E o que o nosso povo ganhou com toda essa riqueza? A transformação de um solo riquíssimo em uma savana causadora de fome para milhões de brasileiros que nela hoje vivem. Isso sem contar nos milhões de escravos e índios mortos nessas lavouras. O lucro foi todo para França, Inglaterra, Holanda, Portugal... Todos acumulando riquezas vindas aqui, das nossas terras.

                  Com o início da monocultura da cana-de-açúcar em países centro-americanos e mais próximos da Europa e a descoberta das minas de Minas, o negócio da cana não era mais interessante. O centro político-econômico do país migrou para a região sudeste e Minas Gerais começa a ser desnuda às custas de mais alguns milhões de vidas dos escravos que raramente suportavam mais de sete anos expostos aos venenos indispensáveis para a extração de ouro e de outros metais. E, mais uma vez, o que ganhamos com isso? Centenas de igrejas banhadas de ouro em algumas cidades que mais tarde foram naturalmente saqueadas por aquele povo que foi deixado à própria sorte quando aquelas tetas secaram. O ouro de Minas Gerais e das outras partes da América Latina serviu para o caixa que a Inglaterra e outros europeus precisavam para dar início à revolução industrial, que mais tarde desencadeou em novas explorações do nosso povo. É a América Latina financiando a exploração da América Latina.
 
                     Chega a vez do ouro verde e, mais uma vez, da economia brasileira estar focada em um único produto, sendo agora a vez do café. A mão-de-obra não era mais a escrava, mas ainda cuidava de escravizar imigrantes que, em troca de comida, trabalhavam em troca do direito de ter fome e não morrer por causa dela.  Não é difícil dizer o que os brasileiros ganharam com toda essa nossa riqueza que ia para solos europeus e para as mãos de alguns poucos senhores de engenho. Isso por que já éramos um país “independente” de Portugal, mas que sempre foi subserviente aos interesses daquele continente. 
 
                     Com o crash de 1929 o café ficou mais barato que água da chuva no Amazonas causando, mais uma vez, a fome e a miséria naqueles milhões que viviam em torno de tal produção. Finalmente o Brasil iniciou seu processo de industrialização com os barões do café investindo aquilo que lhes na indústria manufatureira.  Vieram então as ditaduras apoiadas pelos Estados Unidos e a campanha “O petróleo é nosso!”. A grande riqueza do mundo não era mais a madeira, a cana, o ouro ou o café. O petróleo mandava no mundo.

                   Agora que vislumbramos uma data para o fim do ouro negro no planeta e ainda não temos nem ideia de como viver sem ele, o Brasil encontrou uma das maiores reservas atuais de petróleo. O cavalo está passando novamente na nossa frente, seladinho, seladinho. Nos resta torcer para que esse cavalo não sirva novamente para levar desenvolvimento e prosperidade aos exploradores de sempre. Desenvolvimento e prosperidade que são sempre simétricos à exploração e à pobreza daqueles que são os verdadeiros proprietários dessas riquezas.

                   Mesmo em países “resistentes” ao sistema econômico no qual o mundo funciona, sofrem com o aproveitamento de poucos sobre a riqueza do ouro negro, basta darmos uma olhada para os vizinhos Venezuela e Bolívia e o estado em que vivem suas populações, apesar da abundância de combustíveis fósseis daqueles países, que, assim como o Brasil, tiveram seus metais e vidas saqueados pelos colonizadores de alguns séculos.

                  Fica o apelo para que a descoberta do ouro negro em nossas terras não tenha as mesmas consequências que tiveram as descobertas do vermelho, do branco, do amarelo e do verde.

Um comentário:

Anônimo disse...

Río de Janeiro, 10 feb (EFE).- La petrolera brasileña Petrobras anunció hoy un acuerdo para contratar 26 navíos-sondas de perforación marina en aguas profundas por las que pagará cerca de 75.938 millones de dólares de alquiler durante quince años.
Las unidades serán construidas en Brasil por encomienda de las empresas Sete Brasil y Ocean Rig, que se encargarán de la operación de las embarcaciones durante los quince años del contrato con Petrobras, informó la petrolera en un comunicado.
Según la nota, la dirección de la petrolera aprobó la contratación de 21 sondas con la empresa Sete Brasil por las que pagará un alquiler diario promedio de 530.000 dólares cada una.
El acuerdo con Ocean Rig prevé el alquiler de 5 sondas a un precio promedio diario de 548.000 dólares la unidad.
Tales acuerdos suponen que la petrolera brasileña pagará cerca de 13,9 millones diarios por el alquiler de las 26 sondas, durante los quince años de los contratos.
La negociación prevé la reducción de esos costos en caso de que el Gobierno brasileño le conceda incentivos fiscales a las contratadas y en caso de que tales empresas consigan créditos subsidiados del banco estatal de fomento al desarrollo.
El acuerdo prevé que las contratadas encarguen las embarcaciones en astilleros nacionales y que cada unidad cuente con un contenido de piezas nacionales de entre un 55 y un 65 por ciento.
Igualmente establece plazos de entre 48 y 90 meses para la entrega de las embarcaciones y el inicio de las operaciones.
"La implementación del proyecto considera la construcción de nuevos astilleros en el país, además de la utilización de la infraestructura ya existente", explica el comunicado.
Según Petrobras, la contratación de las 26 sondas supone la conclusión de la licitación lanzada hace tres años para encomendar y alquilar 28 embarcaciones para perforación marina construidas en astilleros nacionales.
La empresa ya había contratado el febrero del año pasado siete de las embarcaciones, por lo que terminó alquilando un total de 33.
"Ante las condiciones presentadas por las empresas y la demanda existente para el desarrollo de proyectos futuros, Petrobras optó por beneficiarse de las condiciones negociadas y contratar cinco unidades adicionales a lo inicialmente planeado", según la nota.
La mayor parte de las unidades será destinada a la explotación del llamado presal, el nuevo horizonte de exploración petrolera descubierto por Petrobras en aguas muy profundas del Atlántico y que puede convertir a Brasil en uno de los mayores productores y exportadores mundiales de crudo.
Las áreas hasta ahora concedidas para la exploración en el presal tienen entre 50.000 y 80.000 millones de barriles de petróleo, lo que representa cinco veces las actuales reservas probadas de Brasil (14.000 millones de barriles), según previsiones oficiales.
Las siete primeras sondas, que no fueron alquiladas sino agregadas a la propia flota de Petrobras, fueron encomendadas por 4.637 millones de dólares al astillero brasileño Estaleiro Atlântico Sul (EAS), con sede en el estado de Pernambuco (noreste).