quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Filhinhos de papai!

                              "São um bando de filhinhos de papai", "Ahhhh, olha essa blusa da GAP", "Se tivessem que trabalhar não estariam aí".

                              Bom, quero dar os parabéns às pessoas que dizem essas frases. Os estudantes que ocuparam a USP são SIM filhinhos de papai, em sua grande maioria. A classe trabalhadora não está lá. E não está lá exatamente porque ela precisa trabalhar! Eles não têm tempo para reivindicar seus próprios direitos, não podem simplesmente virar pro patrão e dizer "então, to indo ali brigar para que você me explore menos, já volto". Eu mesmo, há anos não me envolvo mais intimamente com nenhum movimento social. Por que não quero? Não, porque amanhã às 8h tenho uma reunião do trabalho, e uma série de compromisso em que mais pessoas dependem de mim.

                              A estrutura em que vivemos é feita exatamente para trabalhadores não poderem lutar contra o fato de não poderem lutar e que ainda se orgulharem disso. Quais são as esperanças, então? Sim, os filhinhos de papai! Que não têm culpa nenhuma de o serem, aliás. Ser filhinho de papai não é demérito nenhum e nem argumento! Todas as revoltas populares foram feitas por filhinhos de papai.

                             Na luta pelo fim da ditadura militar que nos assombrou, por exemplo, foram filhinhos de papai que foram às ruas, enquanto a classe trabalhadora os chamavam de criminosos, influenciados pelos patrões e pelas grandes mídias. Ou os cara-pintadas (ô movimentozinho picareta, aliás) eram boias-frias e camelôs?!

                          Trabalhadores não aprenderam política na escola, não aprenderam sobre exploração ou sobre seus direitos. Eles também não têm o hábito de ler, chegam exaustos do seu dia de trabalho e o máximo que eles conseguem processar depois disso são novelas. Quem luta tem que ter formação política, tem que ter debate, tem que discutir ideias. E quem tem tempo pra isso são os filhinhos de papai.

                         "Filhinho de papai" não é argumento e, por mais irônico que possa ser, eles são um certo tipo de esperança.

3 comentários:

JH Tito disse...

Pois é, Kauan!!
Exatamente pelo fato de serem filhinhos de papai, poderiam virar as costas e fingir que nada acontece, afinal, em casa ainda vai ter leitinho na geladeira!
Em vez disso dão a cara pra bater (nesse caso literalmente - "agradeço ao nosso querido" alckmin) e mesmo assim são tratados como marginais. Os estudante, antes de mais nada, são bons em estudar, raciocinar e discutir a respeito de suas idéias... não é perito em bomba, tática de guerra ou combate armado.
Muita força para essas pessoas que tem coragem e se arriscam pela causa que acreditam ser correta (quem já esteve de frente com o batalhão de polícia entende bem o significado do "se arriscam)! Em defesa da autonomia das universidades estaduais paulistas!!

Unknown disse...

Legal seu psot Kauan, só não acho que citar a ditadura e os caras pintadas sejam de muita valia, pois nenhuma das duas "vitórias" foram do povo realmente.

Nas duas ocasiões havia interesses políticos e econômicos para que acabassem.
Infelizmente.

Anônimo disse...

Eu achei o seu post patético. Nem todo mundo que trabalha é alienado politicamente. Aposto, inclusive, que você não se lembra em quem votou nas últimas duas eleições.

Aliàs, não só o post, você também é patético. Triste.